Kethlyn Saibert

O que são comunidades de marca e qual seu impacto na estratégia de marketing

A vontade de pertencer e fazer parte de algo maior é comum a todo ser humano, e no ciberespaço não seria diferente.

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Kethlyn Saibert

2024, 14 maio · 3min de leitura

Foto do grupo Ghetto Run Crew, um movimento periférico de atletas,
Foto do grupo Ghetto Run Crew, comunidade periférica da marca Adidas

Nas redes sociais as pessoas buscam por grupos e comunidades com quem mais se identificam. A vontade de pertencer e fazer parte de algo maior é comum a todo ser humano, e no ciberespaço não seria diferente. Dito isso, surge no ambiente virtual um fenômeno chamado de “comunidades de marca”, que somadas ao comportamento de consumo, forjam laços entre empresas e clientes.

As comunidades funcionam como símbolos que reforçam opiniões, valores e interesses em comum entre indivíduos. Neste sentido, os grupos criam vínculos com empresas e as marcas ganham um novo ‘braço de conteúdo’, já que os grupos se comunicam e trocam experiências entre si de forma independente, unidos em torno do interesse por um determinado produto de uma marca.

De acordo com o publicitário Maurício Faria, supervisor de planejamento de conteúdo na Agência EA e pesquisador na área de semiótica, comunicação e consumo, as comunidades se formam porque as pessoas têm desejo de criar verdadeiras conexões, pois suas conexões tradicionais estão perdendo relevância. Numa sociedade cada vez mais consumista e individualista, as marcas acabam representando mais que instituições políticas ou religiosas.

“A gente perdeu muita da crença em políticos e religiões, e até mesmo na família, então acabamos nos apegando ao consumo”, explica Maurício.

Diante disso, os grupos se reúnem nas redes sociais para discutir sobre os produtos das marcas que admiram, o que resulta num conteúdo cooperativo e independente das empresas. Maurício diz que esse comportamento é chamado de coprodução – ação de produzir em conjunto com outras pessoas, entidades e empresas.

As marcas devem estar atentas a seus grupos de referência, que são uma coletividade com interesses em comum, e que podem ser transitórios ou permanentes. “É muito importante que a marca saiba quem são seus grupos de referência, pois muitas vezes há conflitos com o grupo que consome a marca e o que a marca pretende comunicar”, ressalta o publicitário.

Maurício diz que uma tendência no marketing é as marcas se beneficiarem do engajamento que o público produz nas redes. Ele dá o exemplo de quando uma empresa lança um produto e vira meme nas mídias sociais. “É parte do poder da produção de conteúdo que os consumidores têm. Muitas vezes as reações que viram memes têm mais audiência do que a própria campanha da empresa”. Ele salienta que é importante que a empresa saiba responder positivamente quando um produto vira meme de forma irônica ou debochada. E no caso do viral negativo, a marcar deve estar atenta para a próxima campanha: “Será que isso tem potencial de virar um meme negativo?”, indaga.

Dentro da lógica de comunidades de consumidores, o publicitário cita um levantamento da Ipsos – empresa especializada em pesquisas de mercado – do ano de 2019, que constatou que 7 em cada 10 brasileiros espera mais ativismo das marcas. “A marca olha com mais carinho para o consumidor, numa perspectiva mais ativista, de se posicionar em assuntos mais sensíveis e em pautas sociais, porque as pessoas esperam isso das marcas”. Por isso, é essencial que a marca pertença a esses segmentos mais ativistas, e que a empresa esteja disposta a aprender com as comunidades.

“É muito bonito a marca fazer campanhas com narrativas de pautas sociais, mas no final isso precisa vender”. Maurício ressalta que é um equilíbrio entre segmento rentável (direcionamento de produção) com o espírito do tempo (chamado de Zeitgeist no marketing digital).

5 principais características de comunidades de marca:

  1. Experiência compartilhada
  2. Geração e distribuição de conteúdo
  3. Usuários empoderados
  4. Comunicação voluntária, independente da marca
  5. Consumidores mais leais e fidelizados

Dentro dessas características, os consumidores tendem a ser mais engajados e as marcas ramificam seus conteúdos apostando em parcerias com influenciadores digitais e embaixadores. Todo o conteúdo deve estar de acordo com a imagem da instituição e reforçar os valores que os consumidores esperam da marca.

Maurício dá o exemplo do influenciador e surfista Gabriel Medina, que faz propaganda de um tênis da Adidas que foi fabricado a partir da reciclagem de garrafas pet, porque a marca mantém uma postura voltada à sustentabilidade e preocupação com o meio ambiente.

Outro exemplo, também da empresa Adidas, é o grupo Ghetto Run Crew (foto), um movimento periférico de atletas, fãs da marca, que produziu um vídeo publicitário independente, de tributo ao que a empresa representa para eles.

Para concluir, Maurício destaca que “somente um perfil da marca [no Instagram] não sustenta tudo o que a empresa pode comunicar, pois se torna mais verdadeiro quando o conteúdo está nos perfis das comunidades, de uma maneira voluntária e espontânea”.

Maurício citou outros casos de grupos de referência de grandes marcas na palestra Consumo, conteúdo e publicidade em (co)produção, realizada no dia 09.fev.2021, e mediada pelo professor Clóvis Teixeira. Essa foi a 1° webinar do ano do projeto Vem Saber – criado pela pró-reitora de pós-graduação, pesquisa e extensão da Uninter. Para assistir à íntegra do evento, alunos da instituição devem acessar o Univirtus.

Kethlyn Saibert

Kethlyn Saibert

Jornalista | Redatora | Copywriter

Apaixonada por comunicação, acredito que tudo começa pelo texto, até mesmo uma ideia. Sou formada em Produção Multimídia pela UniOpet e fiz Jornalismo na Uninter. Tenho experiência com redação, rádio, impresso, jornalismo digital e mídias sociais. Além disso, possuo especialização em UX Writing e atualmente trabalho como Copywriter.